| No palco do Teatro de Santo Antônio, Sapiran Britto (e) recebeu Gonçalves. O relato feito pelo agrônomo foi gravado em áudio e vídeo para compor o acervo do Memorial da Vila de Santa Thereza. Antes de subir ao palco e acomodar-se na poltrona do cenário montado para ilustrar a entrevista, Gonçalves conversou com a reportagem do Jornal MINUANO. Em uma das salas do memorial, sentado em frente à lareira que aquecia o ambiente com fogo brando. O agrônomo falou sobre o projeto Histórias de Vida, contou sobre suas origens, sua formação e o trabalho desenvolvido voltado para a proteção, preservação e desenvolvimento do Bioma Pampa. Deitada sobre uma almofada, uma gatinha fugia da tarde fria. A gata, assim como os cães aquerenciados na Vila de Santa Thereza, são os mascotes do lugar. Adotados pelos membros do Complexo Cultural. Gonçalves deixou de lado o mate que sorvia e ajeitou-se no sofá, e logo ganhou a companhia da gata ao seu lado . Neste ambiente de aconchego, o senhor de 72 anos, com fala mansa e tranquila, resgatou em palavras alguns memórias de uma vida dedicada às pesquisas na unidade da Embrapa Pecuária Sul em Bagé, ao Grupo Ecoarte e no Núcleo de Pesquisas Históricas Tarcísio Taborda (NPHTT). Neto do intendente José Otávio Gonçalves, de quem herdou o nome, parente de sangue dos ideais farroupilhas já que é descente do general Netto, o engenheiro agrônomo é filho do torrão bajeense. Nascido em Bagé, cresceu na vizinhança da avenida Presidente Vargas, local que escolheu como moradia até hoje. Formando na Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também se graduou mestre, Gonçalves veio para Bagé trabalhar no Ministério da Agricultura, na antiga Fazenda Cinco Cruzes, a qual, em 1975, transformou-se no Centro de Pesquisas dos Campos Sul Brasileiros da Empresa Brasileiro da Pesquisas Agropecuárias (Embrapa). Com seus trabalhos voltados para a nutrição animal, focado no manejo do campo nativo, Gonçalves e muitos dos pesquisadores que defendiam o potencial da vegetação natural do Bioma Pampa eram carinhosamente, ou não, chamados de macegueiros. “Não que eu não tenha trabalhado com pastagens cultivadas, mas nos idos de 1960 e 1970 o pessoal que trabalhava como a pastagem nativa era chamado de macegueiro”, conta com um sorriso de orgulho. Gonçalves foi o primeiro chefe geral da Embrapa Pecuária Sul, indicando, após sua saída do cargo, o pesquisador Joal Brazale. Dedicado à preservação do Bioma Pampa, Gonçalves lamenta a redução gradual da área constituída. “Ainda temos um Bioma Pampa, mas bastante reduzido e perturbado. É claro que é difícil mantê-lo preservado atualmente, devido às necessidades de expansão econômica”, observa. No Ecoarte, entrou como representante da Embrapa, após aposentar-se como pesquisador, reconhece: “peguei o vício pelo Ecoarte”. No NPHTT Gonçalves participou da fundação. “Quase um ano depois da morte do professor Tarcísio, nós, amigos dele, resolvemos nos juntar e formar o núcleo. Em parte como homenagem e para manter viva a história de Bagé”, lembra. Sobre o projeto Histórias de Vida, Gonçalves teceu o seguinte comentário: “é importante e interessante pelo fato de, pelo registro, pelo relato das pessoas que fazem parte da história da cidade e da ragião, se preservar a história, através da vida delas”. Depois disso, Gonçalves dirigiu-se para o palco do teatro. Além do José Otávio Netto Gonçalves, já relataram suas vidas em Santa Thereza a atriz Iaiá Vernieri, o advogado João Bosco Abero, o pecuarista Nilo Romero, o artista plástico Danúbio Gonçalves e o tradicionalista Nicanor Azambuja. |
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